sexta-feira, 20 de julho de 2012

Outra dica de filme



Brasil - Duração de 1h28'. Direção de João Jardim.
Este documentário apresenta a realidade do sistema educacional brasileiro e seus entraves. Mostra as adversidades vividas pelos estudantes de várias regiões brasileiras. Apresenta também contextos sociais desiguais e como as expectativas de futuro são construídas por esses alunos/jovens.
Possíbilidade de trabalhar com várias temáticas a partir do documentário: desigualdade, exclusão, racismo...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Trabalhando com filme

Brasil - Duração 23min. Direção de Joel Zito Araújo
Sinopse: é uma paródia da realidade brasileira, para servir de material básico para discussão sobre racismo e preconceito em sala de aula. Nesta história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizado.
Após a mostra do filme é possível fazer um debate/discussão com os alunos a partir dos seguintes pontos:
  • Reflexão sobre o que significa ser branco/a no Brasil.
  • Qual a concepção que possuem do conceito de raça?
  • Quais as cenas que mais sentiram incomodados? E por quê?
  • Quais as evidências de desigualdades relativas às diferenças étnico-raciais que já presenciaram no cotidiano escolar e fora dele?
  • Apontar algumas estratégias de combate a atitudes preconceituosas e discriminatórias no espaço escolar.

Quadrinho

Possibilidade de trabalho com quadrinhos

O quadrinho de Angeli aborda o tema da desigualdade social.

A partir do quadrinho é possível explorar as ideia presentes nele como: desigualdade, exclusão...
Alguns objetivos possíveis para desenvolver com os alunos:
  • compreender/entender o conceito de desigualdade presente em diversos campos sociais;
  • entender/perceber as influências das desigualdades de cor na educação e no mundo do trabalho (pensando no ensino médio).

Possibilidade de trabalho com texto literário

Texto Literário

Racismo
        (Luis Fernando Veríssimo)
- Escuta aqui, ó criolo...
- O que foi?
- Você andou dizendo por aí que no Brasil existe racismo.
- E não existe?
- Isso é negrice sua. E eu que sempre te considerei um negro de alma branca... É, não adianta. Negro quando não faz na entrada...
- Mas aqui existe racismo.
- Existe nada. Vocês têm toda a liberdade, têm tudo o que gostam. Têm carnaval, têm futebol, têm melancia... E emprego é o que não falta. Lá em casa, por exemplo, estão precisando de empregada. Pra ser lixeiro, pra abrir buraco, ninguém se habilita. Agora, pra uma cachacinha e um baile estão sempre prontos. Raça de safados! E ainda se queixam!
- Eu insisto, aqui tem racismo.
- Então prova, Beiçola. Prova. Eu alguma vez te virei a cara? Naquela vez que te encontrei conversando com a minha irmã, não te pedi com toda a educação que não aparecesse mais na nossa rua? Hein, tição? Quem apanhou de toda a família foi a minha irmã. Vais dizer que nós temos preconceito contra branco?
- Não, mas...
- Eu expliquei lá em casa que você não fez por mal, que não tinha confundido a menina com alguma empregadoza de cabelo ruim, não, que foi só um engano porque negro é burro mesmo. Fui teu amigão. Isso é racismo?
- Eu sei, mas...
- Onde é que está o racismo, então? Fala, Macaco.
- É que outro dia eu quis entrar de sócio num clube e não me deixaram.
- Bom, mas pera um pouquinho. Aí também já é demais. Vocês não têm clubes de vocês? Vão querer entrar nos nossos também? Pera um pouquinho.
- Mas isso é racismo.
- Racismo coisa nenhuma! Racismo é quando a gente faz diferença entre as pessoas por causa da cor da pele, como nos Estados Unidos. É uma coisa completamente diferente. Nós estamos falando do crioléu começar a freqüentar clube de branco, assim sem mais nem menos. Nadar na mesma piscina e tudo.
- Sim, mas...
- Não senhor. Eu, por acaso, quero entrar nos clubes de vocês? Deus me livre.
- Pois é, mas...
- Não, tem paciência. Eu não faço diferença entre negro e branco, pra mim é tudo igual. Agora, eles lá e eu aqui. Quer dizer, há um limite.
- Pois então. O ...
- Você precisa aprender qual é o seu lugar, só isso.
- Mas...
- E digo mais. É por isso que não existe racismo no Brasil. Porque aqui o negro conhece o lugar dele.
- É, mas...
- E enquanto o negro conhecer o lugar dele, nunca vai haver racismo no Brasil. Está entendendo? Nunca. Aqui existe o diálogo.
- Sim, mas...
- E agora chega, você está ficando impertinente. Bate um samba aí que é isso que tu faz bem.
Luis Fernando Veríssimo - Escritor

 
Trabalho com temática sobre racismo.
No diálogo entre o personagem negro e o branco, o que mais se salienta é o branco. O negro não consegue completar suas frases porque sempre é interrompido pelo branco, que não demonstra interesse algum em escutar o que o outro diz. O branco defende a ideia de que não há preconceito no Brasil.
É possível abordar com os alunos:
  • a concepção que possuem do conceito de racismo;
  • destacar do texto expressões ou frases do branco que evidenciam o seu preconceito;
  • a questão do racismo “à moda brasileira”;
  • como percebem o preconceito racial.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Possibilidade de trabalho com música

Música: Sincretismo Religioso
           (Martinho da Vila)
Saravá, rapaziada! - Saravá!
Axé pra mulherada brasileira! - Axé!
Êta, povo brasileiro! Miscigenado,
Ecumênico e religiosamente sincretizado
Ave, ó, ecumenismo! Ave!
Então vamos fazer uma saudação ecumênica
Vamos? Vamos!
Aleluia - aleluia!
Shalom - shalom!
Al Salam Alaikum! - Alaikum Al Salam!
Mucuiu nu Zambi - Mucuiu!
Ê, ô, todos os povos são filhos do senhor!
Deus está em todo lugar. Nas mãos que criam, nas bocas que cantam, nos corpos que dançam, nas relações amorosas, no lazer sadio, no trabalho honesto.
Onde está Deus? - Em todo lugar!
Olorum, Jeová, Oxalá, Alah, N'Zambi... Jesus!
E o Espírito Santo? É Deus!
Salve sincretismo religioso! - Salve!
Quem é Omulu, gente? - São Lázaro!
Iansã? - Santa Bárbara!
Ogum? - São Jorge!
Xangô? - São Jerônimo!
Oxossi? - São Sebastião!
Aioká, Inaê, Kianda - Iemanjá!
Viva a Nossa Senhora Aparecida! - Padroeira do Brasil!
Iemanjá, Iemanjá, Iemanjá, Iemanjá
São Cosme, Damião, Doum, Crispim, Crispiniano, Radiema
É tudo Erê - Ibeijad
Salve as crianças! - Salve!
Axé pra todo mundo, axé
Muito axé, muito axé
Muito axé, pra todo mundo axé
Muito axé, muito axé
Muito axé, pra todo mundo axé
Energia, Saravá, Aleluia, Shalom,
Amandla, caninambo! - Banzai!
Na fé de Zambi - Na paz do senhor, Amém!

A música/canção trás palavras que valem a pena esclarecer com ajuda de dicionário: miscigenado, sincretismo, ecumênico.
Na música estão presentes "saudações" de várias religiões.
Com a questão da religiosidade é possível trazer a valorização das práticas religiosas de matriz africana, com a finalidade não da doutrinação, mas do conhecimento de outras práticas.
Com a musicalidade é possível fazer uma "leitura auditiva" e interpretação de letras de música que remetam a questões referentes à cultura afro-brasileira.
(fica a critério do professor adaptar/acrescentar, pois é possível trabalhar outros estilos de música).

Alguns objetivos com este tipo de proposta pedagógica:
  • Reconhecer e valorizar as contribuições do povo negro;
  • Abordar a situação da diversidade étnico-racial e a viada cotidiana na sala de aula (gostos por música/religiões que são diferentes);
  • Organizar/reconhecer/conhecer lugares de mémória que divulguem a cultura negra (na comunidade que estão inseridos os alunos);
  • Leitura auditiva e interpretação de letras de música.
 Link do YouTube para ouvir a música.

Vídeo documentário SOU



SOU - Documentário de 26min, Brasil/2010. Direção de Andreia Vigo.
O documentário SOU é um registro sobre a identidade afro-brasileira, que tem como base a vida e a obra do poeta gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009).
Oliveira Silveira é conhecido como o poeta da Consciência Negra, por ter sido um dos idealizadores da proposta de criação do 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra. Também é a principal influência do percurso Territórios Negros de Porto Alegre.
O vídeo-documentário é uma ferramenta pedagógica que pode complementar/ilustrar a saída de campo ao percurso Territórios Negros.
O documentário é parte integrante do Projeto RS Negro: educando para a diversidade.
Este material contribui de forma significativa para aplicação da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" em sala de aula.
Os produtos do Projeto RS Negro estão disponíveis gratuitamente no Portal da PUCRS.



quarta-feira, 11 de julho de 2012

PROJETO CONHECENDO E RECONHECENDO A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Compartilhamos nossa proposta de atividade para ser desenvolvida em sala de aula, a partir projeto "Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre".

Ass.: OS AUTORES DO BLOG.





Justificativa
O projeto visa contribuir de forma significativa para resgatar a história, muitas vezes silenciada, do povo negro na cidade de Porto Alegre. Valorizar e resgatar a história e a cultura afro-brasileira não significa resgatar somente a história do negro, pelo contrário, é resgatar a história de uma sociedade multicultural e pluriétnica que existe no nosso país, a sociedade brasileira.

Objetivo Geral
Conhecer e valorizar aspectos socioculturais da população afro-brasileira, em Porto Alegre, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de etnia ou outras características individuais e sociais.

Objetivos Específicos
  • Reconhecer as regiões da cidade de Porto Alegre que se constituíram, ao longo da história, em espaços importantes de cultura e população afro-brasileira;
  • Identificar, no bairro, em que residem, lugares que evocam a presença, a memória, e cultura afro-brasileira;
  • Ler/localizar diferentes tipos de fontes (pesquisa bibliográfica, imagens, jornais, etc.) idenficando aspectos da cultura afro-brasileira;
  • Conhecer/perceber o significado de quilombo e que este faz parte de um conjunto maior: o município, o estado e o país;
  • Comparar/contrastar os lugares visitados (vivenciados pelos negros, lugares de memória) através da elaboração de um banner;
  • Criar uma propaganda, em forma de folder, com argumentos próprios convidativos a uma saída de campo;
  • Escrever textos autorais a partir de interpretações/reflexões e de diferentes registros escritos e iconográficos.

Série/Ano
Esta proposta pode ser aplicada a qualquer série/ano do ensino fundamental e/ou médio, mudando o aprofundamento dos temas.

Material necessário
Mapa político do Continente Africano;
Mapa político do Brasil;
Mapa político do Rio Grande do Sul, dividido em municípios;
Mapa político do município de Porto Alegre;
Cartolina ou papel Kraft (para o banner);
Cola / tesoura / lápis /  borracha / caneta;
Canetinha colorida / tinta guache;
Livros, jornais, revistas, sites que contenham assuntos referente à história e a cultura dos afro-brasileiros na cidade de Porto Alegre.

Metodologia
Antes da saída de campo
1ª Etapa - Mostrar o mapa do Continente Africano e indagar os alunos sobre o que sabem de tal continente e a origem do povo negro, que chegou ao Brasil, vindo deste continente.
Mostrar aos alunos o mapa político do Brasil para que eles conheçam os estados que compõem nosso país. É importante que os alunos manuseiem o mapa e localizem o estado onde moram.
A seguir, mostre o mapa político do estado onde residem, dividido em municípios, para localizarem-se. Posteriormente mostrar o mapa do município de Porto Alegre, e perguntar aos alunos como eles acham (de que forma) que surgiram (identificando lugares) espaços importantes de cultura da população afro-brasileira. Indagar se conhecem algum lugar de cultura afro-brasileira na cidade, se tem alguma imagem, fotografias, etc. (este momento seria uma sondagem do que os alunos já conhecem).

2ª Etapa - Fazer uma pesquisa (professores e alunos) na internet e selecionar livros, revistas, jornais e imagens sobre cultura afro-brasileira na cidade como quilombos, casas de religião, surgimento de alguns bairros (hoje considerados periferia), espaços culturais, etc. Levar esse material para a sala de aula e deixar que as crianças manuseiem/socializem/identifiquem lugares de memória do povo negro na cidade.

3ª Etapa- Saída de campo "Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre", onde o percurso/roteiro são pontos de referência da população negra. O objetivo deste percurso é ampliar a compreensão sobre a história e a cultura dos afro-brasileiros na cidade.
Solicitar aos alunos que levem máquina fotogrática, blocos e pranchetas, caneta para registrarem, anotarem dúvidas/questionamentos/curiosidades que houver no trajeto para posterior discussão em sala de aula.

Depois da saída de campo
4ª Etapa - Juntamente com os alunos, escrever no quadro e esclarecer as dúvidas, as curiosidades, questionamentos que surgiram ao longo do percurso realizado.
Estas colocações poderão ser finalizadas nesta aula, ou poderão ser aprofundadas posteriormente conforme interesse da turma (em determinadas temáticas como: religiosa, cultural, musical, costumes, etc.) será sugerido pesquisa sobre o assunto/temática desses interesses.
Acreditamos que estes temas jamais se encerram em uma aula, podendo ser aprofundados/pesquisados no momento da aplicação do projeto ou aplicados ao longo do ano letivo dentro do conteúdo nas disciplinas (História, Geografia, Sociologia, Artes, Literatura...).

5ª Etapa - Elaboração de um banner com fotos realizadas pelos alunos e legendas com textos redigidos por eles com suas impressões . Poderão fazer um comparativo do antes/depois do percurso (lugares).

6ª Etapa - Criação de uma propaganda, em forma de folder, com destaques do aluno sobre a saída de campo "Territórios Negros" com argumentos próprios convidativos à atividade.
Para encerrar o trabalho solicitar aos alunos uma redação de dez linhas (em média) sobre qual ponto do percurso ele mais gostou e por quê.

Avaliação
A avalição do projeto irá ocorrer em todas as fases/etapas, desde seu início até a execução das atividades com os alunos (confecção do banner, redação, folder).
Os alunos serão observados durante todo o projeto na escola, através da observação do interesse, participação, realização das atividades orais, escritas e práticas. Os conteúdos explorados também serão analisados pelos trabalhos e atividades desenvolvidas.
Saída de Campo - Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre
Quilombo do Areal - reconhecido em 2004 está localizado na Cidade Baixa. A região integrava a propriedade do Barão e da Baronesa do Gravatahy. A permanência na região e as diversas formas de sociabilidade entre as famílias afrodescendentes possibilitaram o reconhecimento da Rua Luís Guaranha.
Saída de Campo - Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre
Mercado Público: construído em 1869 por trabalhadores negros escravizados. Têm grande importância para as religiões de matriz africana, pois acreditam que no "centro do edifício está assentado o Orixá Bará, que, dentro do panteão africano, é a entidade que abre os caminhos, o guardião das casas e cidades e representa o trabalho e a fartura". O local é visitado, cultuado e receber oferendas dos adeptos da religião. 

Saiba mais sobre o BARÁ DO MERCADO.
Saída de Campo - Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre
Pelourinho: situado em frente à Igreja da Nossa Senhora das Dores, era onde os trabalhadores negros escravizados eram torturados pelos seus atos de resistência, revoltas, fugas...
Saída de Campo - Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre
Largo da Forca: local onde ocorriam as execuções dos negros condenados à morte.

Saída de Campo

Saída de campo em 02 de junho de 2012, percurso "Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre".

Autoria da foto: Wagner Cardoso
Este trajeto tem como objetivo colocar em destaque as regiões da cidade que se constituíram, ao longo da história, em espaços de referência cultural da população afro-brasileira.